Na democracia em que vivemos todos nós temos o direito de ir e vir, assim como pessoas cegas têm o direito de ter um bom emprego, uma boa casa, uma boa família. Na prática não é bem assim que funciona, há sim um preconceito mascarado. Temos sempre a ilusão de que pessoas assim são menos felizes e muitas vezes sentimos dó. Não. Essas pessoas são exatamente iguais às que não têm necessidade especial, por isso a inclusão é muito importante para sabermos mais sobre elas.
Numa sociedade em que se preza muito mais a aparência e qualidades estéticas do que a interior, onde o ego e o orgulho falam mais alto, numa escola onde há poucos recursos, numa sociedade em que pessoas não dão ênfase a este assunto, numa mídia que é tão injusta em não esclarecer e informar seus espectadores sobre algo tão importante. Sim, é nesse meio que pessoas com deficiência visual vivem e sobrevivem. Penso como é difícil viver num lugar em que te deixam de lado, num lugar onde se é menosprezado. Tendo em vista todos esses elementos o cego é totalmente isento de qualquer pré-julgamento estético para com os outros, então porque não os tratar do mesmo modo?
Por outro lado pessoas que já nasceram cegas desenvolvem o poder de sentir algo que os que vêem não conseguem: ir além do que se pode ver, contemplando a intensidade e sonoridade com que bate o coração. Viver na escuridão é como viver numa longa noite escura e fria, porém, se pararmos e ouvirmos como as árvores balançam, como o vento sopra, perceberemos as ilimitadas formas que a noite toma; a escuridão também consegue ser linda sem vermos um palmo a nossa frente.
Ser cego é ver com o coração. É deixar-se tocar por algo que não se vê. É ser feliz de olhos fechados.
PS: Esse foi um texto premiado no 1º Concurso Literário de Restinga Seca-Rs
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